Aquele amor que um dia me juraste
E que deixou em mim traços fatais
Igual a uma flor sagraste
Ficou somente sobre nada mais
Os beijos venenosos que me deste
E que eu servi com louca embriaguez
Ficou só a saudade, triste agreste
Que agora não foi, mas é sombra talvez
Sombra
Que me tortura e não me deixa
Sombra cruel com uma queixa
De um coração a padecer
Sombra
Que há para mim pesada cruz
Sombra nascida de uma luz
Que eu nunca mais desejo ver
Quantas vezes eu penso em te dizer
A minha dor escondida nos teus braços
Eu sinto dentro em mim anoitecer
E a sombra faz-me tanto em pedaços
E, sim, por mais que fuja, não consigo
Afastar-me de ti, o que me assombra
Se a luz de um puro amor, escuro abrigo
Mora esta luz bendita, é tudo sombra
Sombra
Que me tortura e não me deixa
Sombra cruel com uma queixa
Em um coração a padecer
Sombra
Que há para mim pesada cruz
Sombra nascida de uma luz
Que eu nunca mais desejo ver
Sombra
Que há para mim pesada cruz
Sombra nascida de uma luz
Que eu nunca mais desejo ver