Pagu tem os olhos moles
uns olhos de fazer doer.
Bate-côco quando passa.
Coração pega a bater.
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.
Passa e me puxa com os olhos
provocantissimamente.
Mexe-mexe bamboleia
pra mexer com toda a gente.
Eli Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.
Toda a gente fica olhando
o seu corpinho de vai-e-vem
umbilical e molengo
de não-sei-o-que-é-que-tem.
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.
Quero porque te quero
Nas formas do bem-querer.
Querzinho de ficar junto
que é bom de fazer doer.
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.
Pagu, nascida Patrícia Rehder Galvão, foi uma escritora, poeta, diretora de teatro, tradutora, desenhista, jornalista e militante política brasileira. Foi casada com Oswald de Andrade. Apesar de ter apenas 12 anos quando ocorreu a Semana da Arte Moderna de 1922, Pagu foi tida como musa dos modernistas, se juntando depois ao movimento da Antropofagia.