Russia is waging a disgraceful war on Ukraine.     Σταθείτε με την Ουκρανία!
  • Nuno Rocha Morais

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Um método

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . (exercício pongiano)
 
Insinua-te como a água em todos os interstícios de uma vida e, onde não há espaço, introduz-te à força de uma carícia subtil e paciente, acumulando-se numa intensidade sem violência. Sim, como a água, vigiando sempre a tua própria salinidade, a concentração de calcário - a água calcária é a mais dogmática, sufoca, obstrui. Conheces bem os perigos do calcário no coração. A água que fores não deve ser mais do que uma destilação essencial de ti, não uma abstracção, uma construção putativa. Qualquer substância estranha, como a náusea, a ira, a angústia, lhe irão desfigurar a transparência, turvar o curso - e não te conhecerás, não te reconhecerão. Serás salobro.
 
É certo que já se avistaram águas iradas - mas, repara, nunca de moto próprio: sempre pela instigação de sismos, pela sedição de chuvas, lamas, troncos, sempre pela violência de um excesso terceiro, de um ritmo que se subverte. E, quanto à angústia, é absurdo tentar aplicá-la, misturá-la na água. É claramente um elemento estranho, que fende as águas como o peso intruso de uma pedra. E, mesmo assim, repara que a água acolhe a pedra, não a repudia; envolve-a, embala-a, absorve a sua violência, anula-a, sem a repelir, sem ripostar; amortece a sua queda, deposita-a, delicadamente, num qualquer fundo, e segue o seu caminho - sempre sem angústia, sem ira.
 
Poderás tanto? Muitas mais lições deves à água. Repara como, prisioneira embora de leis inflexíveis, desfruta da liberdade que possui. Repara como a água não se deprime, nem se deixa comprimir, como se esquiva. O meu próprio discurso se quereria de água, mas é uma retórica de pedra. Perdoa-me por isso. Mas sê água: vê como, fluindo ou refluindo, segue convictamente essa direcção – pelos caprichos da terra, é certo, mas vê como se conforma sem a aparência de submissão, sem que realmente seja submissão. Aproveitará qualquer descuido, qualquer falha, para se evadir.
 
Mais – é sempre ela própria, independentemente da sua quantidade ou do recipiente ou do estado, mas não se fecha, hermética, sobre si própria, recusando todo o contacto ou mistura. Molda-se ao espaço, mas preenche-o inteira, resolutamente – nada recusa do que lhe é concedido. É indiferente à sua própria grandeza. Se não fosse contaminá-la, diria que é, com igual convicção, um charco ou um oceano. E vê, por exemplo, como ilumina: num copo de água ou num rio, sem possuir luz própria.
 
Sê – e era isto que te queria dizer desde o princípio – amante como a água. Ama como a água, com amor de água. Insinuando-te. Inunda o estanque.
 
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Un metodo

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . (esercizio pongiano)¹
 
Insinuati come l’acqua in tutti gli interstizi di una vita e, ove non ci sia spazio, infiltrati con la tenacia d’una carezza sottile e paziente, affinché vi si accumuli un’intensità senza violenza. Sì, come l’acqua, controllando sempre la tua salinità, la concentrazione di calcare - l’acqua calcarea è la più dogmatica, soffoca, ostruisce. Conosci bene i pericoli del calcare nel cuore.
L’acqua che tu sarai non dev’essere altro che una distillazione essenziale di te, non un’astrazione o una costruzione putativa. Qualunque sostanza estranea, come la nausea, l’ira, l’angoscia, ne deturperanno la trasparenza, ne intorbidiranno il corso - e non ti riconoscerai, non ti riconosceranno. Saprai di salmastro.
 
Senza dubbio si son già viste acque iraconde - ma, bada, mai di propria iniziativa: sempre per la sollecitazione di sismi, per sconvolgimenti dovuti a pioggia, fango, tronchi, sempre per la violenza di un eccesso altrui, di un ritmo che si stravolge. E, quanto all’angoscia, è assurdo tentare di applicarla, di mescolarla all’acqua. È chiaramente un elemento estraneo, che irrompe nell’acqua come il peso intruso d’una pietra. E, pur tuttavia, bada che l’acqua accoglie la pietra, non la respinge; l’avvolge, l’acquieta, assorbe la sua violenza, l’annienta, senza ripudiarla, senza replicare; ammortizza la sua caduta, la deposita, delicatamente, su un fondale qualunque, e prosegue il suo cammino - sempre senza angoscia, senza ira.
 
Saprai arrivare a tanto? Di molte altre lezioni sei debitore all’acqua. Osserva come, pur prigioniera di leggi inflessibili, ella approfitti della libertà che possiede. Osserva come l’acqua non si deprima, né si lasci comprimere, come si scansi. Il mio stesso ragionamento vorrebbe essere d’acqua, ma è una retorica di pietra. Di questo perdonami. Ma sii acqua: vedi come, nel fluire o nel rifluire, segua convinta la sua direzione – per i capricci della terra, di sicuro, ma vedi come s’adegua senza dar mostra di sottomissione, senza che realmente vi sia sottomissione. Sfrutterà qualunque distrazione, qualunque difetto, per dileguarsi.
 
Per di più – è sempre se stessa, indipendentemente dalla sua quantità o dal recipiente o dallo stato, ma non si chiude, ermeticamente, su se stessa, rifiutando ogni contatto o mescolanza. Si modella allo spazio, ma lo riempie per intero, risolutamente – nulla rifiuta di quello che le è concesso. È indifferente alla propria grandezza. Se non fosse irriverente, direi, con lo stesso convincimento, che è un pantano o un oceano. E vedi, per esempio, come illumina: in un bicchier d’acqua o in un fiume, senza possedere luce propria.
 
Sii – ed era questo che ti volevo dire fin dal principio – un amante come l’acqua. Ama come l’acqua, con amore d’acqua. Insinuandoti. Inonda la carena.
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¹Alla maniera di Francis Ponge (1899-1988) scrittore e poeta francese.
 
Nuno Rocha Morais: Κορυφαία 3
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