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Elogios de J. L. Borges - II lyrics
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Elogios de J. L. Borges - II
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O olho rola na gordura das pálpebras.
Ainda cego, continua rolando,
assim, de um lado para o outro,
vesgo, opaco, numa retina de lodo.
Tudo e todos quer ver – o olho.
Exposto à luz, captura a paisagem,
flores, faces, cores, movimentos.
Fechado é a mais densa escuridão.
Globo voltado para dentro,
escuro onde voejam pensamentos.
Mas diante do espelho se vê,
e vê, luminescente, o outro.
Emocionado, mareja feito mar,
destila a mais pura lágrima,
filtra do sangue que o inunda
estranha essência marinha.
O olho não pensa nada – vê.
Não percebe a solidão – a fotografa.
E a deposita para sempre e sempre
no cemitério transitório da memória.
Lago de imagens, ilusões e sal,
morto revela o fundo da órbita:
o fundo onde vítreo luzia,
e retoma o eterno sono mineral.
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