Ao passar das horas, meu amor,
O tempo leva o sonho dum amor maior;
Fica pequeno, sem sabor,
Meu amor, sem Aranjuez ...
O que fez a saudade de ser outra vez
Uma gaivota em pleno céu, a libertar
O coração, sem voar?
Meu amor, que amor não se fez ...
Só eu sei
Dos caminhos que não encontrei,
Das duras pedras a cobrir,
Tão fatigado, o coração...
Sem pão de sustentar,
Sem dar a mão, o céu se desfez!
Nossas vidas sempre por um fio;
Um fio de fogo, um fio de prumo no vazio..
Abismo antigo
Onde voar é abrir as asas e sangrar!
Só eu sei
Dos caminhos onde me encontrei,
Das rubras penas sem quebrar
Meu fatigado coração...
Sem pão de sustentar,
Das mãos de Deus, me fiz renascer!
Ó meu amor, que amor não se fez!
Nossas vidas sempre por um fio;
Um fio de fogo, um fio de prumo no vazio..
Abismo antigo
Onde voar é abrir as asas e sangrar...!